[Pedimos licença para analisar a primeira temporada, pois como nosso propósito é tornar a arte ao nosso redor, útil para nosso desenvolvimento, não queremos postar textos dentro da correria do mundo moderno, e sim tirar proveito para conhecer a nós mesmos com mais calma e seriedade]

      A frase que inicia a série Dark: “A diferença entre passado, presente e futuro é somente uma persistente ilusão”, de Albert Einstein é de muita utilidade prática para todos nós. Para esse cientista magnífico o tempo e espaço foi desvendado como sendo duas características de uma só unidade, ou seja, o tempo-espaço É uma coisa só. Incrível não?

        É claro que para Einstein tudo isso fazia parte de seu trabalho científico e talvez lhe parecesse familiar, mas essa percepção, na vida prática, pode dizer muito sobre nossas tendências, teimosias, crenças limitantes, entre outras inclinações que temos e que na série é muito bem demonstrado. Em outro momento o relojoeiro cientista da ficção diz: “Não só o passado influencia o presente e o futuro, mas também o futuro influencia o passado… é como aquela pergunta da galinha e do ovo. Não é possível mais dizer quem veio antes. Tudo está conectado.” Integrando então, nossa vivência com a ciência da realidade e a ciência da ficção científica dessa fascinante primeira temporada de Dark, podemos perceber que o nosso próprio futuro pode influenciar no nosso passado. Como isso é possível? Chegaremos lá!

        Comecemos com algumas fantásticas mitologias que a série faz questão de fazer referências. A primeira referência seria a Tábua de Esmeralda que vemos tatuada nas costas de Noah. Essa Tábua de Esmeralda é uma síntese da filosofia de um sábio, supostamente egípcio, chamado Hermes Trismegisto ou no Egito Antigo conhecido como deus Toth, muito estudado pelos grandes filósofos da Grécia Antiga, e muitos outros é claro; e que deixou um legado fascinante que chegou até os dias de hoje. Um desses ensinos é sobre 7 leis universais registradas no livro do século XX chamado Caibalion. Mas o que isso tem a ver conosco? (vocês me perguntariam). Como aquele que sabe que tudo pode ser útil para nosso desenvolvimento, uma dessas leis por exemplo, é a lei de polaridade. E essa lei é inerente ao ser humano, pois é preciso a dor para entendermos o prazer; é preciso a injustiça para entendermos a justiça; é preciso o mal para darmos valor para o bem; e para as pessoas amarem e serem amadas, é preciso um vazio dentro delas.

        Uma outra referência usada na série é um fio vermelho que serve como guia para os personagens viajantes do tempo encontrarem a trifurcação que divide o tempo em passado, presente e futuro. Na mitologia grega, esse fio vermelho é chamado de Fio de Ariadne, pois Ariadne, apaixonada por Teseu, lhe deu uma ponta de um fio vermelho de lã e ficou com a outra ponta, para que Teseu pudesse adentrar num labirinto, matar o Minotauro no centro desse labirinto e voltar, conduzido por esse Fio de Ariadne. Simbolicamente, todo pretenso herói que quer vencer suas batalhas internas, pode tomar como exemplo, aquele herói que lhe inspira, seja ele qual for, pois todo herói, serve como o Fio de Ariadne – todo modelo que nos inspira e que podemos seguir seus exemplos, sempre nos ajudará a vencer nossas próprias batalhas internas, para toda Jornada do Herói como nos conta o mitologista Joseph Campbell. E vemos que os autores da série souberam utilizar esse mito com maestria, como um bom fio condutor para os personagens que queriam enfrentar o desconhecido que a viagem do tempo poderia lhes proporcionar.

     E como não poderíamos deixar Albert Einstein fora das nossas observações, e de uma forma bem resumida, sabemos que o cientista considerava a imaginação mais importante que o conhecimento, e portanto, utilizando dessa ferramenta que temos por natureza humana: a nossa fascinante capacidade de criar imagens mentais, imaginou primeiramente o tempo de forma linear, com começo, meio e fim, ou seja, passado, presente e futuro. Mas como num rolo de filme antigo, imaginou o que aconteceria se cortasse esse rolo em vários pedaços e colocasse o começo, o meio e o fim um em cima do outro. Percebeu então que se nós observássemos nossa vida sob essa perspectiva, conseguiríamos ver todas as nossas ações de uma vez só e enxergaríamos, por exemplo, toda a trajetória dos nossos “erros” e poderíamos imaginar, num outro exemplo, todo o nosso padrão repetitivo de ações, como se pudéssemos ver que temos certas tendências ou padrões, bons ou ruins, em nossa vida. Daí a utilização da frase no início da série: “A diferença entre passado, presente e futuro é somente uma persistente ilusão”, de Albert Einstein, muito bem aplicada.

            O que mais me chamou a atenção, é que alguns personagens ficam se questionando se é mesmo possível mudar o passado, pois todas as suas ações pareciam necessárias para que toda a história se concluísse de um jeito só, e talvez, nada poderia ser mudado. Mas o mais útil para todos nós, no sentido de buscarmos o nosso aprimoramento racional e emocional, é vermos os personagens ao longo de toda as suas trajetórias pessoais, que todas as suas ações refletiam um padrão ou uma tendência que os guiavam por todos os tempos: o que eram no passado, refletia no presente e como, muitas vezes, não se interessaram pelo seu aprimoramento individual, também tudo se refletiria no futuro.

     Colocando a vida de Ulrich sob a perspectiva de Einstein, em que supostamente poderíamos visualizar sua vida, não de forma linear, mas passado, presente e futuro ao mesmo tempo, com certeza enxergaríamos um padrão nas suas ações. Como sempre dizemos aqui no canal, conhecer a nós mesmos deve ser levado com muita seriedade ou estaremos, de certa forma, constrangidos sempre que sentimentos mal resolvidos dentro de nós vier à tona. Se eu não conheço esse sentimento, esse sentimento passa a me dominar e não ao contrário, em que nós deveríamos ser completamente, donos das nossas ações. E é sob essa perspectiva que observamos Ulrich repetindo ações do passado, quando era um jovem que gostava, aparentemente em partes, da violência, não se propôs a conhecer essa violência dentro de si para trabalhá-la e que culmina então no futuro (mas no passado xD), na tentativa de assassinato de Helge em que desfigura toda sua orelha. Sem nos atentarmos para as violências silenciosas contra sua própria família, como é o caso de sua traição com Hannah.

         A própria Hannah é um outro exemplo disso. Vemos que desde criança tem uma tendência a manipular as pessoas para benefício de seus desejos secretos. Manipula a polícia para separar Ulrich de Katharina, e no fim da temporada, ou seja, no presente, quando tinha a oportunidade de escolher caminhos que respeitem a si própria, pois poderia trazer sentimentos bons para si mesma, escolhe manipular novamente e diz a Katharina que nunca foi atrás de Ulrich e sim, ao contrário, para incitar ainda mais a separação entre os dois.

        Fazendo uma analogia com a perspectiva do relojoeiro H.G. Tannahaus, quando ele diz que o futuro também influencia o passado, se não assumirmos o desenvolvimento dos nossos sentimentos, estaremos criando um futuro igual ao passado, e num paradoxo da vida real, sendo dominados pelo descaso de conhecer a nós mesmos, em que todas as ações do futuro nada mais são do que uma repetição, estaríamos sim, sendo influenciados pelo futuro – é claro que numa brincadeira imaginativa. Mas que na verdade, sentimentos não desenvolvidos em nós, pode ser como um carro sem freio descendo uma ladeira, em que ficaríamos a mercê das circunstâncias não escolhidas por nós, ou escolhidas sem um discernimento mais apurado, que, é claro, poderia ser conquistado por nós mesmos, se nos dispormos a esse propósito. Ou como o próprio relojoeiro disse, estaríamos nas mãos da eterna dança da lei de Causa e Efeito das circunstâncias da vida. Eis então a importância de conhecermos a nós mesmos.

            Numa sabedoria condescendente, como aquele que está satisfeito de como as coisas são, Tannahaus diz que seu lugar não é no ontem ou no amanhã, mas no agora, justamente porque seus sonhos mudaram e outras coisas se tornaram importante para ele. Assim também, conhecendo com profundidade nossos sentimentos, talvez poderíamos eleger, quem sabe, propósitos mais nobres em nós mesmos. Sonhos mais palpáveis e imperecíveis que nos tornaria mais humanos e mais donos das nossas ações, sabendo onde vamos, tanto no passado, no presente e no futuro.

 

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Fábio Henrique Marques
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