“…nós escrevemos sonetos, andamos na lua, dividimos átomos, somos complexos… mas tudo vem de uma progressão matemática no gene humano que nos dá potencial pra fazer qualquer coisa. Muitos não entendem isso. Música é matemática. Nós…somos matemática. Nossa matemática genética gera a matemática de nossos sonhos ou ambições. A ciência não se restringe a béqueres ou tubos de ensaio… mas ao que somos. Artísticos. Excêntrico. Humanos.” – Peter Parker

           Considerando que todas as obras de quadrinhos são sensacionais simplesmente por refletirem a visão de arte tanto do roteirista quanto do desenhista, do arte-finalista e de todas as pessoas envolvidas, essa HQ – O Espetacular Homem Aranha: De Volta ao Lar – me fez refletir não só sobre o respeito que deveríamos ter com todos aqueles que dedicam a vida à composição de histórias fantásticas que ativam o imaginário das pessoas, mas também sobre quem somos nós.

            Li muito Homem-Aranha na pré-adolescência e revisitar esse personagem só me trouxe bons sentimentos. Estar novamente com Peter Parker, que sempre me remeteu ao lado humano, às fragilidades que temos, às percepções sensíveis das dificuldades do cotidiano, mas também àquele lado que nunca desiste, que está sempre disposto a se renovar para vencer, que pode chegar à dificuldade extrema, externa ou intimamente falando, e sempre dá um jeito de reverter a situação, me fez pensar também sobre como foi importante crescer, também, com esse personagem, e que, suas atitudes, embora no imaginário das histórias que nos são contadas, me fazia querer ser um super-herói quando crescesse.

           Tanto Peter Parker, quanto o Homem-Aranha, são colocados à prova pelas dificuldades da vida, por um inimigo fora do comum – relativo à poder e força descomunal – chamado Morlun, e por todo o enredo místico relacionado a poderes totêmicos que invocam as forças dos animais; e convidam nosso herói, e também através de Ezekiel, aparentemente uma contraparte de Peter Parker/ Homem-Aranha, a entender melhor tanto seu lado negativo quanto seu lado positivo com a desafiadora pergunta: “quem é você?”, e também com a intrigante expressão: “tão perigoso quanto dar uma arma carregada a uma criança”, que nos remete a fazer um paralelo com a famosa sabedoria-guia deixada a Peter Parker por seu querido tio Benjamin Parker: “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.” Será que entendemos a nós mesmos a ponto de saber que, se “sabemos” ou “podemos” muito, temos responsabilidades, como também deveres (e não só direitos) perante àqueles que nos cercam, relativo, é claro, à nossa potencialidade, qualidades e virtudes que possuímos? Mas também, será que sabemos que nossos lados “sombras” também são potencialidades que podem ser desenvolvidas a ponto de se tornarem virtudes? Não vemos no orgulho e no egoísmo senão traços do homem antigo que usava esses sentimentos para a sobrevivência num mundo hostil em tempos remotos? E que hoje, se usamos esses sentimentos, não somos como aquele que usa um barco para atravessar um rio, mas não consegue mais se desvencilhar, carregando para todo o lado, o peso desse barco pesado?

           Vemos então, ao longo da história, Peter Parker se deparando com seu passado, mas refletindo, mesmo diante do bullying que sofria, que sua vida naquela época foi boa, e que apesar de querer ser só mais um colegial tentando não chamar a atenção, não parecer esquisito, e mesmo assim se achando deslocado, considera aquela época como a mais importante da sua vida.

           Se depara também, com o colégio em que estudou, agora mais violento e em decadência, mas que com ajuda da sua tia, decide se tornar professor para ajudar no cotidiano do colégio que fez parte da sua vida e ajudar as crianças a se desenvolverem, que, como ele, podem se tornar futuros cientistas, além de outras potencialidades que a prática do desrespeito ao próximo pode oprimir, no outro.

           Além de, é claro, se deparar com a tristeza que a responsabilidade de ser o Homem-Aranha causa na vida de Peter Parker, levando pra longe ou colocando em perigo a vida de pessoas que ama, como Mary Jane Watson Parker e Tia May Parker. E mesmo assim conseguir extravasar para preservar sua sanidade, mesmo depois da suposta morte, retorno e separação da sua esposa. É com as privações que notamos a importância da conquista, assim já nos disse Aristóteles.

           Mas é incrível ver que, o Amigão da Vizinhança – Homem-Aranha e, Peter Parker, uma pessoa como nós, consegue usar as dificuldades da vida como um gatilho, ou como  uma mola propulsora para se desenvolver, ao invés de se lamentar e/ou pior, desistir. Sendo esse gatilho, a força e potência da arma, sem propósito na mão de uma criança, mas uma potência bonita e eficaz na mão daquele que sabe se renovar.

           Peter olha para seu passado com gratidão ao invés de reclamar, olha para as dificuldades do colégio que estudou e se torna professor, ao invés de simplesmente virar as costas, e ainda aprende com outros professores a importância de conhecer a si mesmo, pois só assim que podemos nos respeitar e dizer qual é a linha limite que o outro pode ultrapassar.

           E quando, se depara com Morlun, o vampiro de energias totêmicas, que no caso de Peter Parker, é a Aranha no seu peito, quando a intrigante pergunta de Ezequiel – “quem é você?”, o faz pensar que deveria olhar para a pureza da sua força animal, a pureza da aranha, fonte de seu poder, e mesmo assim não é suficiente para derrotar Morlun, Peter Parker, mais uma vez, olha para seu lado “sombra”, para as dificuldades da vida, para o lado supostamente negro da aquisição dos poderes da aranha e o transforma em uma potência para o bem e vence seu inimigo. Assim como aquele que carregava o barco pesado do orgulho e do egoísmo sem propósito algum, agora sabe destruí-lo e transformar a madeira, com as mesmas peças que um dia eram esse orgulho e esse egoísmo, para se reconstruir com sabedoria renovada. O Homem Aranha, em outras palavras nos diz: “Eu não sou puro como a força totêmica da aranha propõe, eu tenho ainda muito a conhecer sobre mim mesmo e sou imperfeito, mas é justamente essa imperfeição que me fará vencer.”

           Vemos um Homem Aranha, combalido, exausto, pedindo a Deus por dias melhores, como todos nós, e por isso mesmo, nos aproxima do seu lado humano, nos mostra que é falho, e acima de tudo nos inspira a vencer em todas as ocasiões usando as próprias dificuldades e imperfeições como molas propulsoras, como gatilho de uma arma-potência que agora está na mão de uma pessoa que sabe quem é, e não a sua pretensa pureza, não o seu lado forte que não precisa mais ser posto à prova.

           Fica então, um convite a nós mesmos, pois sempre nos justificamos dizendo que só podemos fazer alguma coisa quando estivermos suficientemente prontos. Um convite a nos conhecermos e despertarmos para o Herói que Existe em Nós usando as ferramentas imperfeitas que temos, usando as dificuldades da vida como exercícios para alcançarmos novas virtudes em nós, nos transformando e criando o bem, sempre.

           Esse quadrinho tem todas essas mensagens embutidas, basta que façamos o exercício de olhar com novos olhos, pois embora na época em que lia Homem-Aranha, não fazia ideia de que sempre temos algo para aprender com tudo daquilo que vemos, ouvimos, lemos, sentimos e pensamos; nem da extensão de tudo aquilo que nos faz ser o que hoje somos. Podemos tirar proveito e aprender com tudo a nossa a volta, se quisermos.

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Fábio Henrique Marques
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